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A DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO VISUAL E TECNOLÓGICA

  1ªParte
                                                                       
Apesar de aposentada, mas atenta à conjetura deste país sobretudo ao currículo do sistema educativo na área artística, começo por dizer que me preocupa a reestruturação destas áreas, nomeadamente na disciplina de Educação Visual e Tecnológica. Quero aqui, deixar o meu contributo para o reconhecimento desta disciplina como muito importante, assim como  outras, que fazem parte do currículo do 2º ciclo… Sendo ex-professora de Educação Visual e Tecnológica, apenas me debruçarei sobre esta disciplina. Antes de criticar é preciso fundamentar e a partir dessa fundamentação tirar as devidas ilações e mudar algumas mentalidades…
No ano de 2000 desenvolvi uma reflexão sobre a necessidade de fundamentar/relacionar qual o contributo da disciplina de E.V.T. no desenvolvimento integral da criança no domínio cognitivo, afectivo e psicomotor, o que me levou a encetar um tipo de pesquisa indutiva que desse algumas respostas a esta problemática. Comecei por refletir sobre a mão de uma forma mais aprofundada e em termos de motricidade fina através da preensão a fim de reforçar, o contributo da disciplina, tendo em conta esta temática, extremamente importante no meu ponto de vista.
A inexistência/ausência reflexiva sobre a mão e sua relação com o cérebro levou-me a procurar respostas a partir da filogénese e ontógenese (evolução das espécies e desenvolvimento da criança). Procedi tb a uma reflexão sobre o método de resolução de problemas, tendo em conta que o mesmo pode ser utilizado simultaneamente como estratégia e desenvolvimento de competências neste domínio/método, podendo ainda funcionar como integrador/organizador das restantes funcionalidades da disciplina incluindo a mão e a sua interação com o método de resolução de problemas, isto na minha perspectiva.
A disciplina de Educação Visual e Tecnológica, quando a leccionei tinha as seguintes finalidades:
Desenvolver a percepção, a sensibilidade estética; a criatividade; a capacidade de comunicação; a capacidade de utilizar meios de expressão visual; o sentido crítico; aptidões técnicas e manuais; o entendimento do mundo tecnológico; o sentido social; capacidade de intervenção e criar hábitos de resolução metódica de problemas. Em suma,  era e penso que ainda é uma disciplina demasiado abrangente e «rica» que permitia e permite ir de encontro aos centros de interesse/necessidades sentidas pelos alunos/turma/grupo.
Continuarei futuramente a partilhar as minhas reflexões/pesquisas… Hoje fico por aqui… Até amanhã!!!!!!!  e Comentem o artigo se o considerarem importante para  a sua continuidade e contribuição para a  da disciplina… Passem a palavra!!!!!!
                       Lurdes Sobreiro


2ª parte
Na sequência da abordagem anterior (página3) a apresentação das áreas de exploração aos alunos, de acordo com as finalidades da disciplina, já mencionadas, não obedeciam a nenhuma ordem especial. Dentro de cada área de exploração eram incluídos os conteúdos que melhor se integravam em função do nível etário dos alunos. 
      Esta disciplina, salienta (passo a fazer o registo como sendo o actual) muito os conteúdos «comunicação e trabalho», pela sua presença constante em todas as unidades de trabalho. É um processo integrado em que a reflexão sobre as operações e a compreensão dos fenómenos são motores da criatividade e tudo se desenvolve essencialmente a partir da ação/movimento onde a fantasia e a liberdade de expressão tão importantes nesta fase etária, estão presentes (estou a pensar em alunos do ensino básico).
Pelo o que se depreende do exposto é sobretudo uma disciplina que procura ir de encontro aos centros de interesse dos alunos, através do movimento, ação, pensamento, apelando às vias sensitivas/motricidade através das expressões em termos globais finos; daí que a filogénese e a ontogénese da motricidade, permita perceber/compreender o contributo da disciplina de Ed. Visual e Tecnológica no ser humano/criança numa perspectiva, também ela biopsicossocial, se entendermos que todas as capacidades também foram adquiridas pela motricidade, despoletadas pelo meio envolvente da criança e no caso concreto desta reflexão, no processo ensino-aprendizagem, que permite uma série de experiências e vivências sociais.
Se, considerarmos que a Paleontologia Funcional ou a evolução da motricidade, permitiu a evolução do cérebro, começamos a adquirir consciência, de que, a motricidade desenvolve ao máximo as capacidades do indvíduo/criança, e que esta disciplina é sobretudo de ação, sentimentos, pensamentos, logo a criança existe coexiste e evolui, crescendo de forma harmoniosa.
Segundo Vítor da Fonseca, não somos apenas seres pensantes, mas também seres de movimentos e sentimentos «Ajo, sinto e penso, logo existo e coexisto”.
           A próxima reflexão incidirá sobre a motricidade eo desenvolvimento integral do aluno. Até breve

                                                                            Lurdes Sobreiro        
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3ª Parte

A MOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO ALUNO
A génese da motricidade está também dependente do meio, dos estímulos que este exerce sobre a criança, então a E. V.T. ao solicitar uma dialética quase interminável de finalidades através da preensão e do manuseamento de diferentes materiais, trabalhando o seu desenvolvimento cognitivo, afectivo, psicomotor e simultaneamente os seus processos de atenção, através de uma necessidade imperiosa de reflectir sobre as operações, que se repercutem noutras aprendizagens, inclusive de outras áreas de ensino. Se pensarmos que as ações de motricidade fina leva a uma introspeção/interiorização desses movimentos, com o objectivo de criar a imagem do que se pretende de uma forma interacionista entre a mão eo cérebro contribuindo para o movimento voluntário programado e preciso; leva-me a concluir que esta disciplina, não pode ser isolada do contexto de aprendizagem da criança, dado que utiliza o movimento/gesto como foi referido anteriormente, procurando através da transformação dos materiais que utiliza, prevenir dificuldades escolares e simultaneamente combater todo o tipo de desigualdades sociais, já que a escola reflete também as desigualdades sociais, levando-me a refletir em termos de igualdade de acesso, preconizada atualmente pela escola, não esquecendo que a mesma se traduz ou deve traduzir tb pela igualdade de sucesso. Só assim poderemos falar na criança como ser biopsicossocial no contexto ensino aprendizagem.
O fundamento do movimento do ser humano, não é o conhecimento anatómico mecanicista, mas sim o sentido global do seu comportamento biosocial.
Referindo mais uma vez Vítor da Fonseca e passo a citar, « a relação intencional entre o corpo/gesto/movimento e o objeto dos materiais é  uma condição especial ao desenvolvimento percetivo e ao desenvolvimento cognitivo». Por tudo isto e mto mais abolir esta disciplina é um erro colossal…
Até à próxima … há mto ainda para dizer sobre esta disciplina e este tema …É apenas mais um pequeno contributo para a existência deste disciplina no currículo do ensino básico. Em breve voltarei mesmo com alguma lentidão no dedilhar do teclado…  
                                                                 Lurdes Sobreiro






EVT (CONTINUAÇÃO)
        Antes de continuar quero dizer-vos que este pequeno contributo para a disciplina de EVT e explanado nesta página, não pode ser utilizado sem a autorização da autora… Continuando… A criança, enquanto aluno numa aula de EVT., vai desenvolvendo por exemplo, através do desenho, a representação do corpo duma forma cada vez mais objectiva, utilizando a mão através de uma palpação estrutural onde a actividade de uma mão é completada pela outra, uma toma «as iniciativas» e a outra tem uma função «auxiliar, é óbvio que isto é uma constante em qualquer movimento/gesto onde a mão é utilizada, incluindo o manuseamento de materiais, reforçando que o movimento não é somente aquilo que se vê, inúmeros outros aspectos nos escapam à simples observação.
       Segundo Piaget, a criança tem de manipular coisas (materiais) para poder aprender. O ensino verbal é geralmente pouco eficaz, especialmente em crianças mais jovens. A criança necessita de actuar sobre o seu desenvolvimento. Essa actividade constitui a maior parte do conhecimento verdadeiro; a recepção passiva de factos é uma parte mínima da verdadeira compreensão. Ainda segundo Piaget, aprendemos sobretudo a partir de coisas ou seja manipulando, experimentado, assim sendo, então podemos constatar e perceber a influência da motricidade no desenvolvimento da criança, partindo do pressuposto, que a disciplina de EVT contribui para o desenvolvimento do cérebro à medida que o aluno deste nível etário vai estruturando cada vez mais os gestos numa relação causa efeito. Continuando com a tónica de que todo este processo facilita a aprendizagem contribuindo para um desenvolvimento integrado, espero não ser muito repetitiva.
Piaget, diz que o ser humano passa por quatro grandes períodos:
1 – Sensório – motor: da nascença aos dois anos
2 – O pré – operacional: Dos 2 aos 7 anos;
3 – O operacional concreto: dos 7 aos 11 anos;
4 – O operacional formal: para cima dos 11 anos;
O período de operações concretas, apesar de as crianças, já fazerem operações mentais relativamente subtis, está fortemente ligada a situações concretas. Ela raciocina melhor em presença real dos objectos. A relação directa com os objectos/materiais é a característica principal do raciocínio durante os três períodos e é a base em que assentam as operações formais do 4ºperíodo.
Até breve
Lurdes Sobreiro

A Mão e o cérebro

            Por tudo o que foi dito, a disciplina de Educação visual e Tecnológica ao encorajar e permitir a manipulação e exploração dos materiais/objectos/expressões, contribui para o desenvolvimento perceptivo, cognitivo a partir da estruturação do gesto e quando o professor tenta ultrapassar este processo transmitindo conhecimentos apenas por palavras, não permitindo uma acção/concreta, o resultado é uma aprendizagem superficial.
            Ainda para reforçar tudo o que foi dito anteriormente Vítor da Fonseca diz: “ O comportamento inibido do homem é profundamente influenciado pela espontaneidade motora que viveu na sua infância», alertando novamente para a importância da motricidade em EVT., em termos de motricidade fina e para a liberdade de acção que permite. Apesar desta liberdade de acção nesta disciplina ser programada e/ou orientada conforme a actividade a desenvolver. Por tudo isto, a reflexão da consciência retardada dá a possibilidade à criança em termos complexos, a antecipação da acção através de uma imagem, que sustenta ao nível do cérebro, projecto (tácticas e estratégias) da acção que se prolongará através da mão. Senão vejamos:
            Podemos dar como exemplo, o desenvolvimento da percepção visual, através da observação, traduzindo-se posteriormente numa acção/movimento/manipulação/trabalho/técnicas, ou seja, levar  a criança a comunicar de várias formas com o outro, transmitindo ideias, sensações, pensamentos, através dos meios de expressão, quando desenha, pinta, constrói, escreve, etc.. Posso dizer que os alunos entre os 9 e 12 ano numa aula de EVT, na concretização de um determinado conteúdo, estudo do rosto (exemplo) dá-se a observação do rosto do colega que está na sua frente, e transmite para o papel aquilo que está a ver, através do movimento da mão, sem nenhum tipo de orientação ou regras e/ou tácticas visuais desconhecendo a melhor estratégia de ver/olhar/, porque ainda, as não adquiriu, a fim de interiorizar a tal imagem que se prolongará através da mão, o resultado é aleatório, não têm em conta as proporções do rosto e os elementos que o compõem de forma precisa e rigorosa. E isto acontece de forma generalizada.
                    A mão, a preensão/precisão não se altera rapidamente de um momento para o outro, mas a sua orientação/visualização através do cérebro, a consciência da imagem, neste caso, o outro, que está na sua frente, em que a área do córtex motor, representa a mão «absorve a observação» orientada para o estudo do rosto do colega que está na sua frente, através das tais tácticas /orientação/estratégia, a partir da reflexão da consciência da acção e da percepção visual. A  criança aprendeu em termos operativos concretos neste nível etário, encontrando-se no limiar do operativo formal, dando posteriormente aso a uma séria de movimentos precisos e ordenados (praxia), através das técnicas utilizadas.
Tudo isto, leva-nos a outro tipo de reflexão, concretamente a mão ao nível da preensão
Será o tema a tratar futuramente!!!!!
Até breve
Lurdes Sobreiro          

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